O primeiro longa-metragem do cineasta baiano Harrison Araújo, Para Nóia,
traz cenas e depoimentos de usuários de crack bolivianos e brasileiros,
mostrando as tragédias que a dependência causa na sociedade e na saúde
pública.
Se, na década de
1980, o avanço da Aids era o maior problema de saúde
pública no mundo, no
século 21, os olhares dos governos e da sociedade
mundial se voltam para a rápida expansão do consumo e o tráfico de
drogas, que vem desaguar no financiamento do ‘
terrorismo mundial’ e nas
milícias espalhadas em comunidades carentes, como as do Rio de Janeiro,
no Brasil.
Nesse universo, o “
crack” vem merecendo uma atenção e combate especial por ser o estopim de uma verdadeira tragédia social.
O
primeiro longa-metragem do cineasta baiano
Harrison Araújo,
Para Nóia,
que se encontra em fase de produção, lança luz nessa cortina de fumaça e
mergulha a fundo no cotidiano de usuários de crack, bem se propõe a
mostrar as reais conseqüências socioeconômicas e para a saúde pública,
causadas pelo consumo de drogas e a sua marginalização.
As filmagens e entrevistas com especialistas e usuários de crack serão
registradas no Brasil, nos estados da Bahia, São Paulo e Rio de Janeiro,
e na Colômbia, nas cidades de Medellin e Bogotá. A previsão é que as
gravações sejam finalizadas em janeiro de 2012.
Personalidades como o médico
Dráuzio Varela e o ex-presidente
Fernando
Henrique foram convidados para dar seus depoimentos no filme.
As gravações na Colômbia serão apoiadas por uma produtora local, que
está na fase final de negociação com a produtora baiana
Movimento
Filmes.
Para Nóia
O documentário descortina a relação estabelecida entre o usuário de
crack e as práticas sociais. Faz uma reflexão acerca dos lugares
sociais, as “
crackolândias”, - criados a partir da popularização do
entorpecente, tendo como pano de fundo, o
Brasil e a
Colômbia. O
longa-metragem confronta olhares diversos sobre o problema, para, a
partir disto, construir outros caminhos possíveis para o diálogo com
esta realidade.
De acordo com Harrison, a ideia é proporcionar uma experiência estética
pautada na relação íntima que será estabelecida entre o filme documental
e as pessoas que o assistirão. “
Não perdendo de vista toda a
complexidade poética que este encontro implicará”, diz.
O documentário surge como um grito de socorro que pretende atingir todos
os âmbitos e esferas da sociedade. “
A ameaça que não tem cor, sexo e
muito menos classe social vem se tornando cada dia mais íntima e
possuidora de seus usuários. A sociedade está imersa em um verdadeiro
cárcere privado, causado por esta nova realidade que se alastra
velozmente, desestruturando famílias e ceifando vidas”, conta o diretor.
Debate social
Para Nóia tem como objetivo, ainda, provocar; trazer a sociedade civil, o
Estado, as instituições religiosas, os pesquisadores e os usuários,
para a discussão. “
Salientamos as causas, as formas mais eficientes de
prevenção, o combate e a reabilitação”, conta. A ideia é exibir o doc no
Circuito Cinema Sala de Arte e nas principais comunidades em risco
social da América latina.
“
Vamos exibir o filme nas principais salas do Brasil, Colômbia, no
circuito alternativo do Chile e nos principais festivais da América
Latina”, revela o diretor.
O cineasta baiano,
Harrison Araújo, é especialista em
Direção de Cena
pela
Escuela Internacional de Cine y Television, San Antonio de los
Baños – Cuba; bacharel em
Comunicação Social Publicidade e Propaganda,
e, atualmente, trabalha como diretor de comerciais publicitários,
programas televisivos e documentários em Salvador.
Ficha Técnica:
• Diretor - Harrison Araújo
• Produtor - João Valadares
• Diretor de fotografia - André Heleno
Fonte:
ABEAD(Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas)