segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Inspeção reprova instituições para usuário de droga


Centros de tratamento têm infraestrutura precária e não conseguem reinserir socialmente o dependente químico. 





A infraestrutura precária, o funcionamento irregular e a incapacidade para reinserir socialmente o usuário de drogas colocam em xeque o trabalho feito pelas comunidades terapêuticas para dependentes químicos em Minas Gerais. A constatação foi feita pelo Conselho Regional de Psicologia em Minas (CRP/MG), que elabora documento a ser entregue hoje à entidade de classe federal.

As instituições apresentaram graves problemas de violação dos direitos humanos, como higiene e acomodações precárias, além da ausência de profissionais adequados para lidar com os dependentes químicos. O Estado tem apenas 300 casas de acolhimento. São cerca de 4 mil vagas.

A pesquisa por amostragem foi feita, na semana passada, por psicólogos e defensores de direitos humanos em 69 comunidades terapêuticas, em 24 estados brasileiros. Apenas Tocantins e Amapá ficaram de fora. Minas Gerais ocupa o segundo lugar no número de instituições visitadas. Foram sete no território mineiro. Goiás lidera, com nove centros de internação avaliados.

Segundo o coordenador da Comissão Nacional de Direitos Humanos, do Conselho Federal de Psicologia (CFP), Pedro Paulo Bicalho, no país foram presenciados casos de maus-tratos, castigos físicos e até celas de isolamento, sem o direito a visitas. “Não existe um plano de tratamento. Desta forma, essas comunidades se transformam em uma espécie de depósito de pessoas”, denuncia Bicalho.

Outro grave problema detectado, segundo o coordenador, foi a administração de medicamentos sem a supervisão de profissionais da saúde. “Em alguns locais é possível, com base nas informações preliminares, perceber que as instituições podem adoecer ainda mais o dependente químico, ao invés de tratá-lo”, afirma.

Os resultados analisados pelos conselhos regionais e entregues ao CFP serão apresentados durante o Seminário Nacional de Psicologia, em 17 e 18 de novembro, em Brasília. Sobre as irregularidades, caberá aos conselheiros de cada estado acionar o Ministério Público e os governos.

Em Minas, apesar dos problemas não serem tão graves como em outros estados, as falhas na execução das internações também serão denunciadas. Segundo a conselheira do CRP/MG, Marta Elizabeth de Souza, 20 profissionais estiveram em comunidades terapêuticas de Brumadinho, Vespasiano, Contagem e Ribeirão das Neves, todas na Grande BH.

Para ela, o principal problema, em Minas, é a incapacidade de se promover a reinserção social do usuário na sociedade. “O tratamento, de forma generalizada, é baseado apenas em ideologias religiosas”, critica Marta Souza. Segundo ela, o ideal seria promover cursos de capacitação profissional e terapias ocupacionais. “Somente um trabalho conjunto poderá criar um perspectiva profissional ou familiar para essas pessoas”, acrescenta.

Fonte: Hoje em Dia

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