A pneumonia é considerada uma causa importante de morbidade e mortalidade no mundo, e se deve principalmente à pneumonia adquirida na comunidade (PAC), cuja incidência anual global é estimada em 1-12%. Somente nos EUA, estima-se que a PAC ocasione 500.000 hospitalizações e 45.000 mortes por ano.
Apesar do uso de álcool ser apontado como um dos fatores responsáveis pelo aumento da susceptibilidade à pneumonia, os estudos com grupos-controles adequados ainda são escassos nessa área, o que dificulta o estabelecimento de uma relação causal entre o álcool e a PAC.
O presente estudo representa a primeira meta-análise capaz de quantificar a associação entre o consumo de álcool e o risco de PAC. Mais de 1.530 artigos científicos sobre o tópico foram rastreados para análise, mas somente 5 estudos foram incluídos na meta-análise final por satisfazerem os critérios de inclusão estabelecidos (por exemplo, desenho do estudo tipo caso-controle ou coorte). Estes estudos contemplaram, no total, 112.100 indivíduos com 2.371 casos de PAC.
Os resultados revelaram que o risco relativo de PAC crescia linearmente conforme o consumo de álcool aumentava, corroborando a hipótese de uma relação dose-resposta entre o álcool e a ocorrência de pneumonia. Indivíduos que consumiam entre 60 e 120 g de álcool puro* diariamente apresentaram um risco 33 e 76% maior, respectivamente, de incidência de PAC em comparação a indivíduos abstêmios.
Dois estudos forneceram estimativas de risco que possibilitaram investigar a associação entre o risco de PAC e pessoas diagnosticadas com transtornos relacionados ao uso de álcool (abuso ou dependência de álcool), de acordo com avaliação médica. Tais indivíduos apresentaram um risco 8 vezes maior de PAC do que pessoas sem diagnóstico para transtornos relacionados ao uso de álcool.
Apesar da meta-análise ter incluído um número relativamente pequeno de estudos, o número total de participantes avaliados foi substancial. Os achados apresentados suportam a idéia de que o consumo de álcool pode ser um fator etiológico na incidência de pneumonia, provavelmente pelo fato do alcool deprimir os mecanismos de defesa (imunológicos) do organismo, resultando em uma maior susceptibilidade ao desenvolvimento desta doença.
Em suma, o uso de álcool constitui um fator de risco independente para a incidência de PAC. Assim, os autores sugerem que casos de transtornos relacionados ao uso de álcool deveriam ser investigados entre indivíduos com pneumonia; para os casos positivos, deveria ser oferecido tratamento adequado ou intervenções breves a fim de diminuir complicações no tratamento da pneumonia e também o risco de reinfecção. Salienta-se que as políticas de saúde pública efetivas na redução do uso de álcool poderiam auxiliar na diminuição da incidência de pneumonia.
* Uma dose-padrão de bebida alcoólica (350 ml de cerveja, 150 ml de vinho ou 50 ml de destilado) equivale, aproximadamente, a 12 g de álcool puro.
Fonte: Epidemiol Infect, 2010(in press)
Apesar do uso de álcool ser apontado como um dos fatores responsáveis pelo aumento da susceptibilidade à pneumonia, os estudos com grupos-controles adequados ainda são escassos nessa área, o que dificulta o estabelecimento de uma relação causal entre o álcool e a PAC.
O presente estudo representa a primeira meta-análise capaz de quantificar a associação entre o consumo de álcool e o risco de PAC. Mais de 1.530 artigos científicos sobre o tópico foram rastreados para análise, mas somente 5 estudos foram incluídos na meta-análise final por satisfazerem os critérios de inclusão estabelecidos (por exemplo, desenho do estudo tipo caso-controle ou coorte). Estes estudos contemplaram, no total, 112.100 indivíduos com 2.371 casos de PAC.
Os resultados revelaram que o risco relativo de PAC crescia linearmente conforme o consumo de álcool aumentava, corroborando a hipótese de uma relação dose-resposta entre o álcool e a ocorrência de pneumonia. Indivíduos que consumiam entre 60 e 120 g de álcool puro* diariamente apresentaram um risco 33 e 76% maior, respectivamente, de incidência de PAC em comparação a indivíduos abstêmios.
Dois estudos forneceram estimativas de risco que possibilitaram investigar a associação entre o risco de PAC e pessoas diagnosticadas com transtornos relacionados ao uso de álcool (abuso ou dependência de álcool), de acordo com avaliação médica. Tais indivíduos apresentaram um risco 8 vezes maior de PAC do que pessoas sem diagnóstico para transtornos relacionados ao uso de álcool.
Apesar da meta-análise ter incluído um número relativamente pequeno de estudos, o número total de participantes avaliados foi substancial. Os achados apresentados suportam a idéia de que o consumo de álcool pode ser um fator etiológico na incidência de pneumonia, provavelmente pelo fato do alcool deprimir os mecanismos de defesa (imunológicos) do organismo, resultando em uma maior susceptibilidade ao desenvolvimento desta doença.
Em suma, o uso de álcool constitui um fator de risco independente para a incidência de PAC. Assim, os autores sugerem que casos de transtornos relacionados ao uso de álcool deveriam ser investigados entre indivíduos com pneumonia; para os casos positivos, deveria ser oferecido tratamento adequado ou intervenções breves a fim de diminuir complicações no tratamento da pneumonia e também o risco de reinfecção. Salienta-se que as políticas de saúde pública efetivas na redução do uso de álcool poderiam auxiliar na diminuição da incidência de pneumonia.
* Uma dose-padrão de bebida alcoólica (350 ml de cerveja, 150 ml de vinho ou 50 ml de destilado) equivale, aproximadamente, a 12 g de álcool puro.
Fonte: Epidemiol Infect, 2010(in press)
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