terça-feira, 31 de agosto de 2010

Relacionamentos amorosos e uso de álcool e outras drogas por jovens adultos

Logo após o término do ensino médio, muitos jovens passam por um período caracterizado pelo aumento do uso de substâncias psicotrópicas, tais como consumo excessivo do álcool, uso de maconha e tabaco. Um dos fatores que tem sido apontado como influenciador deste comportamento são os relacionamentos amorosos. Em geral, o casamento é tido como um forte fator protetor do uso e abuso de álcool e outras drogas. De fato, estudos mostram que jovens adultos solteiros apresentam um padrão de uso de álcool e/ou outras drogas mais pesado do que os casados. Entretanto, grande parte das pesquisas não considera as diferenças entre os tipos de relacionamentos - por exemplo, ser casado, morar com um parceiro sem estar casado, ou namorar sem morar junto com o parceiro.

O objetivo deste estudo foi avaliar a associação entre diferentes tipos de relacionamentos amorosos e o uso de álcool, maconha e tabaco por adultos jovens. Foram analisados 909 estudantes do ensino fundamental e médio oriundos de 10 escolas públicas norte-americanas, os quais foram recrutados nos anos de 1993/1994 e acompanhados por até dois anos após o término do ensino médio. O uso dessas substâncias foi avaliado por entrevistas pessoais e questionários. Os tipos de relacionamentos foram divididos em: casamento, coabitação sem casamento, namoro sem coabitação e solteiros. Também foram investigados o uso de drogas pelo parceiro, a qualidade do relacionamento e a interação entre estas duas variáveis.

Os três tipos de relacionamentos (casamento, coabitação sem casamento e namoro sem coabitação) apresentaram associações com redução do beber pesado (definido como o consumo de 4 ou mais doses-padrão de álcool* para mulheres e 5 ou mais doses para homens). Os casados, em comparação aos que apenas namoravam, apresentaram uma frequência significativamente menor de episódios de beber pesado.

Também foram encontradas associações positivas significativas entre o uso de drogas pelo parceiro e o consumo destas pelos jovens entrevistados. A interação entre a qualidade do relacionamento e o uso de drogas pelo parceiro foi considerada estatisticamente significativa para o beber pesado e o uso de maconha. Quando um dos parceiros nunca bebia ou bebia pouco, esse considerava seu relacionamento de melhor qualidade quando seu parceiro fazia menos uso pesado de álcool. Por outro lado, quando o parceiro bebia frequentemente, o indivíduo considerava seu relacionamento de melhor qualidade quando havia um maior consumo pesado de álcool, mostrando que o consumo de álcool por um indivíduo pode ser influenciado pelo de seu parceiro e isso se refletiria em sua percepção sobre a qualidade do relacionamento.

Os maiores riscos para o uso frequente de substâncias psicotrópicas entre os jovens solteiros mostram que, para estes indivíduos, o ganho de autonomia trazido pela vida adulta e a influência exercida por um parceiro podem representar uma maior exposição ao uso de álcool e outras drogas. Outra explicação plausível para o maior uso de drogas pelos solteiros é que estes passam mais tempo em eventos sociais, com o objetivo de encontrar um parceiro e estabelecer um relacionamento social, aumentando assim a frequência do beber ou do uso de drogas. De uma forma geral, os achados deste estudo revelam que os relacionamentos amorosos exercem um importante mecanismo de regulação dos padrões de uso de substâncias no início da vida adulta, além de sugerirem que a qualidade do relacionamento, a adoção dos padrões comportamentais do parceiro e a interação entre essas duas variáveis influenciam o uso de álcool e outras drogas por jovens adultos.

* Uma dose-padrão de bebida alcoólica (350 ml de cerveja, 150 ml de vinho ou 50 ml de destilado) contém, aproximadamente, 10g de álcool puro.

Fonte: CISA

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