Tema será foco de simpósio durante o 28º Congresso Brasileiro de Psiquiatria da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP).
Ninguém duvida que a mistura de bicarbonato de sódio e cocaína, o crack, é hoje um grave problema social e de saúde. E por ser grave, necessita de soluções rápidas e efetivas, acompanhadas de revisão urgente da política de drogas vigente, pois as medidas assistenciais específicas não estão disponíveis. “Ainda poucos estudos nos auxiliam no desenvolvimento de uma assistência baseada em evidências científicas para cuidar do fenômeno do crack no Brasil. Essa carência de levantamentos e protocolos testados colabora para a ineficiência do modelo”, explica Ana Cecília Marques, coordenadora do Departamento de Dependência Química da Associação Brasileira de Psiquiatria.
A especialista comenta que algumas medidas assistenciais estão sendo desenvolvidas no Brasil, mas, diante do aumento do consumo de crack que vivemos hoje e das consequências da falta de planejamento da reforma psiquiátrica brasileira, que colocou os CAPS no centro do sistema de assistência à saúde mental, não existe um local preparado para dar conta do problema. “É preciso definir um modelo terapêutico que utilize uma rede integrada e hierarquizada, cuja porta de entrada seja a unidade básica de saúde ou as emergências. Para isso, a equipe deve estar treinada para o diagnóstico e para o encaminhamento do paciente. Além disso, o modelo utilizado não favorece a adesão ao tratamento”, diz.
A psiquiatra aponta medidas essenciais, como políticas de prevenção de todas as drogas, com informação atualizada e campanhas permanentes; políticas para redução da oferta, com controle das fronteiras, dos produtos usados para refino da droga e de controle social, além das políticas de tratamento baseadas em evidências científicas.
Para discutir essas e outras propostas, o Departamento de Dependência Química da ABP escolheu a temática crack para o simpósio “O desafio de construir novas políticas assistenciais para as drogas no Brasil diante do aumento do consumo de crack”, que acontece durante o 28º Congresso Brasileiro de Psiquiatria da ABP, de 27 a 30 de outubro, em Fortaleza. “A conclusão do trabalho será encaminhada para o governo brasileiro e para todos os interessados, como fonte de apoio para as tão necessárias mudanças. A política para as drogas no Brasil precisa ser revista e modificada para benefício de todos os brasileiros”, pondera Ana Cecília Marques.
Fonte: UNIAD
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