sábado, 22 de janeiro de 2011

Alcoolismo apressa divórcio, diz estudo da Universidade de Indiana (EUA)

Quem abusa da bebida também demora mais para se casar, mostra pesquisa com 5 mil pessoas.

Quem abusa do álcool demora mais para se casar. E, depois da união consolidada, divorcia-se mais rápido.
Essa é a conclusão de um estudo desenvolvido pela Universidade de Indiana, nos Estados Unidos, que analisou o consumo de bebidas e as relações matrimoniais de mais de 5 mil pessoas.

Segundo o advogado Gustavo Bassini, vice-presidente da Associação Brasileira dos Advogados de Família (Abrafam), o abuso de álcool e outras drogas é um problema também para os casais do País. “É um dos principais motivos de divórcio. E, nos últimos quatro ou cinco anos, percebi um aumento de até 300% em casos desse tipo”, diz.

De acordo com a pesquisa, a dependência entre as mulheres está associada a um risco 23% maior de não se casar até os 30 anos - para os homens, esse índice é de 36%. Quando casados, homens e mulheres alcoólatras têm duas vezes mais risco de se separar. O levantamento também constatou uma proporção maior de homens com o problema: 23%, contra 8% de mulheres.A pesquisadora Mary Waldron, uma das autoras, afirma que esse é o primeiro projeto relacionado ao assunto que analisa uma gama tão variada de faixas etárias. No início do recrutamento, em 1980, os voluntários tinham entre 28 e 92 anos. Eles foram acompanhados por cerca de 10 anos.

Bassini conta que 25% dos casos de divórcio atendidos em seu escritório de advocacia estão relacionados ao consumo abusivo de álcool e drogas por um dos parceiros. Em 80% das ocorrências, o parceiro problemático é o homem. Em situações como essa, a separação acaba em briga judicial.

“Após várias tentativas de curar o cônjuge e internações em clínicas, a mulher acaba desistindo do marido.” Então, entra com o pedido unilateral de divórcio e, muitas vezes, a outra parte nem responde ao processo. “Nessa fase, a pessoa não tem interesse em nada a não ser consumir a bebida", destaca.

Para a psicóloga Vânia Patrícia Teixeira Vianna, da Unidade de Dependência de Drogas (Uded) do Departamento de Psicobiologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), o alcoolismo é um grande fator de risco para o relacionamento familiar. “Não se pode dizer que ele é o único, mas é um dos elementos que podem levar a desentendimentos e à separação precoce”, explica.

Patrícia acredita que é importante estar atento aos sinais de alerta para o consumo exagerado. Constatados os fatores de risco, o ideal é procurar ajuda de um profissional especializado. Na Uded, é possível participar da triagem para tratamento pelo telefone (11) 5549-2500.

Sinais de alerta

Um desses fatores, isolado, não caracteriza alcoolismo, mas a associação entre eles pode indicar um comportamento de risco:

- A pessoa, que antes bebia só aos finais de semana, passa a beber quase todos os dias;

- Começa a faltar em compromissos por causa da ressaca;

- Desenvolve problemas de saúde potencializados com o uso de álcool, como gastrite ou úlcera;

- Passa a frequentar só lugares com bebidas (por exemplo, deixa de ir a uma festa infantil porque  lá não haverá álcool);

- Faz várias tentativas de beber menos, mas não consegue cumprir suas metas.


Ping Pong com a professora Mary Waldron

Por que estudar a relação entre alcoolismo e casamento?

Poucas pesquisas examinaram o impacto do consumo excessivo de álcool no tempo de casamento. Vários reportam associações entre o consumo precoce com futuro alcoolismo e também com casamento precoce, mas a maioria desses trabalhos não seguiu os indivíduos depois dos 30 anos.

O resultado surpreendeu?

Sim, surpreendeu especialmente os resultados sobre casamentos tardios. Vários trabalhos anteriores haviam reportado associação entre consumo de álcool precoce com casamento ou coabitação precoce.

Há relação entre quantidade de bebida consumida e qualidade do casamento também?

Não examinamos a quantidade ou a frequência da bebida nem a qualidade do casamento. Nossa análise era da relação entre história de vida da dependência do álcool e o tempo das transições matrimoniais.

Fonte: O Estado de São Paulo

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