terça-feira, 22 de março de 2011

Produtores de fumo temem mudança na composição do cigarro

A Anvisa pretende diminuir o açúcar e aditivos que tornam o cigarro mais atrativo.Dona Tereza Drosdek criou 11 filhos. Da roça de fumo saiu o sustento para criá-los, construir a casa da família e formar quatro dos herdeiros na faculdade.

Histórias semelhantes se multiplicam pelas propriedades rurais de Santa Terezinha, no Alto Vale, onde 90% da economia municipal está atrelada ao plantio do fumo. Mas agora os agricultores da cidade temem pela continuidade dos negócios. O fumo plantado por 1,75 mil famílias de Santa Terezinha pode perder espaço no mercado.

A ameaça vem de uma possível mudança na composição do cigarro proposta pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Com a alteração, a agência quer reduzir o número de consumidores de tabaco. De acordo com o Ministério da Saúde, 200 mil pessoas morrem por ano no país em função do tabagismo.

Com 10 mil toneladas por safra, Santa Terezinha é a maior produtora de fumo do Vale do Itajaí e a terceira maior do Estado. Perde apenas para Canoinhas e Itaiópolis. De acordo com o prefeito de Santa Terezinha, Genir Antonio Junckes, se as medidas propostas pela Anvisa se tornarem resoluções, o mercado consumidor do fumo tipo virgínia, que corresponde a 99% da área plantada da folha no município, será afetado.

A agência pretende diminuir o açúcar e aditivos que tornam o cigarro mais atrativo, inviabilizando o plantio da folha tipo burley. Com isso, estima-se que sejam plantadas mais áreas com o virgínia, o que poderá resultar na derrubada dos preços para o produtor.

— Nós dependemos quase que exclusivamente do fumo e não dá para mudar o mercado de uma hora para outra — contesta o prefeito de Santa Terezinha.

Se as mudanças se concretizarem, dona Tereza não sabe como os filhos que ainda lidam com a terra vão enfrentar os problemas. Os prejuízos se estenderiam, em graus diferentes, aos 15,8 mil plantadores de fumo do Vale do Itajaí, concentrados quase que a totalidade no Alto Vale, aponta a Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra). Eles correspondem a 29% do total de fumicultores do Estado.

Se implantadas, as restrições vão impactar demais no mercado do tabaco. Queremos que os produtores tenham condições de viver com dignidade, mas assim eles serão prejudicados — afirma Benício Werner, presidente da Afubra.

Atualmente, os produtores já enfrentam problemas com a classificação da folha por parte das empresas. Seleção esta que determina o valor a ser pago pelo tabaco.

O secretário de Agricultura e Desenvolvimento Rural do Estado, João Rodrigues, diz que se a medida da Anvisa for aprovada e todos os produtores resolverem migrar para o tipo virgínia, levando à queda dos preços, não há alternativas em curto prazo para compensar o possível desequilíbrio no mercado. Ele ressalta que não há defesa irrestrita à produção de fumo, mas que existem garantias para que as famílias tenham sustento.

Uma das sugestões é que o governo crie um fundo com os impostos arrecadados com o cigarro - a carga tributária chega a 70% - para financiar o início de outras atividades que possam substituir o fumo nas lavouras.

Fonte: ANTIDROGAS

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