Porção da substância foi analisada pela Politec; produto aumenta volume de droga para render mais |
Pela primeira vez a fenacetina, utilizada amplamente como adulterante de entorpecentes em diversos países, especialmente os da Europa, foi apreendida em Mato Grosso numa quantia significativa de 55 quilos. O material estava com o assaltante Paulo Sérgio Alves de Souza, conhecido como Paulo Ceará ou PC, que foi preso na sexta-feira passada junto de seis comparsas por conta da sequência de assaltos às agências bancárias de Paranatinga, Rosário Oeste e Campo Novo do Parecis, último alvo da quadrilha no dia 30.
Apesar de portar uma quantia pura de fenacetina, um analgésico, PC não carregava nenhum tipo de droga. Contudo, poderá ser enquadrado como traficante, já que o fim possível da substância é a adição a alguma droga, como a cocaína.
Essa substância é utilizada em algumas medicações, porém, em muitos países, como nos Estados unidos, é proibida por conta da toxidade que apresenta e dos problemas que podem ser causados. Se ingerida em excesso a fenacetina pode causar aplasia de medula (disfunção da medula óssea), hepatoxicidade (que afeta o fígado), nefrotoxicidade (danos aos rins).
Em Mato Grosso, a substância nunca foi encontrada, pelo menos “neste grau de pureza e nessa quantia”, como explicou o perito oficial criminal, Alisson Fagner dos Santos Trindade. Ele informou que, atualmente no Estado os adulterantes de entorpecentes mais comuns são cafeína e lidocaína.
O perito disse também que, apesar de não comprovado, com a apreensão da fenacetina fica forte o indício de que o material já tem sido misturado com outra droga e, portanto, consumido. Segundo ele, o adulterante pode surtir maior lucro para os traficantes de drogas.
A quantia total da substância encontrada na operação que capturou os assaltantes está em poder do Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Estado. Apenas uma porção ficou em poder da central de Polícia e Identificação Técnica de Mato Grosso (Politec), que fez os exames e constatou do que se tratava o pó branco, material inclusive com aparência similar à da cocaína.
Ainda de acordo com o perito, quem está trabalhando para verificar se o assaltante PC pode ser enquadrado como traficante é o promotor de justiça Arnaldo Justino da Silva.
A reportagem tentou contato com membros do Gaeco para tratar do assunto, porém a assessoria de imprensa disse que o promotor não teria tempo na tarde de ontem para comentar o assunto. Também foi feito contato com a delegada titular de Entorpecentes de Cuiabá, Cleibe Aparecida de Paula, mas ela estava em uma reunião ontem à tarde e não pode atender a equipe de reportagem.
Fonte: Diário de Cuiabá
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